A discussão acalorada a respeito de um imposto global sobre grandes fortunas ascendeu à agenda do G20, com o Brasil, atual presidente rotativo do grupo, sendo protagonista nessa iniciativa. Este tema, que há muito captura a atenção nas redes sociais, vem despertando tanto apoio quanto resistência em distintos setores da sociedade e governos ao redor do mundo.
Em resposta a esse cenário, o economista francês Gabriel Zucman articulou uma proposta, especialmente solicitada pelo governo brasileiro, que sugere uma abordagem concertada entre as nações do G20 para a tributação de fortunas superiores a US$ 1 bilhão. A proposta foi apresentada durante a reunião de ministros de Finanças e presidentes dos bancos centrais do grupo, ocorrida no Rio de Janeiro, nos dias 25 e 26 de julho.
Qual é a proposta do Brasil para a taxação de grandes fortunas?
Gabriel Zucman defende que impor um imposto de pelo menos 2% sobre esse volume de patrimônio poderia gerar uma arrecadação anual entre US$ 200 bilhões e US$ 250 bilhões. Segundo ele, esta abordagem fiscal não apenas intensificaria a justiça tributária entre as classes sociais, mas também impediria as disparidades econômicas crescentes, que são evidentes no cenário global.
Posicionamento global e resistências à proposta
Contudo, a proposta pouco convencional tem encontrado obstáculos significativos, incluindo a resistência dos Estados Unidos. Apesar do G20 ter divulgado uma nota de apoio tanto dos EUA quanto da França, declarações recentes da secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, apontam para uma discordância, principalmente sobre a redistribuição de receitas taxadas entre países.
Por outro lado, especialistas como o professor Paulo Feldmann apontam para dificuldades logísticas e políticas de implementar um tributo sobre grandes fortunas mesmo dentro do Brasil. O especialista levanta, ainda, questionamentos sobre o destino final dos fundos arrecadados, um tema que gera divergências até entre os governos.
Impactos esperados e perspectivas futuras
A depender da aceitação da proposta por outras nações, os impactos são difíceis de prever. Entretanto, especialistas como Esther Duflo, economista francesa, defendem que os recursos poderiam beneficiar diretamente as políticas de adaptação às mudanças climáticas, além de compensar aqueles diretamente impactados por tais transformações globais.
O desafio de alcançar um consenso sobre o imposto e a maneira como os recursos serão usados reflete a complexidade e a fricção que caracterizam as relações internacionais em temas de grande peso econômico e social. À medida que as negociações avançam, os olhos do mundo permanecem atentos às decisões tomadas pelos líderes no G20, com a esperança de que passem a adotar políticas fiscais mais equitativas e eficazes.