A composição acionária da Eletrobras revela uma distribuição diversificada do capital entre diversos acionistas, refletindo a complexidade do mercado financeiro e a participação de diferentes entidades no controle da empresa.
Nas ações ordinárias (ON), a União detém uma parcela significativa de 34,85%, seguida pelo BNDES com 2,19%, Fundos do Governo com 2,43%, e os demais acionistas individuais e institucionais compreendendo a maior fatia, totalizando 60,53%. Já nas ações preferenciais (PNB), o BNDES possui 13,20% do capital, os Fundos 3G Radar detêm 10,42%, e outros acionistas representam a maior parte, com 76,38%.
Acionistas e poder de decisão
Essa distribuição complexa de acionistas levanta questionamentos sobre quem realmente detém o controle da Eletrobras e influencia suas decisões estratégicas. Embora a União tenha uma participação significativa, o grande número de acionistas individuais e institucionais nas ações ordinárias sugere uma dispersão do poder de decisão. Por outro lado, o BNDES e os Fundos 3G Radar possuem uma participação considerável nas ações preferenciais, o que pode conferir-lhes uma influência significativa nas decisões da empresa.
A diversidade de acionistas também pode impactar a governança corporativa da Eletrobras, uma vez que diferentes interesses e agendas podem conflitar, dificultando a definição de uma estratégia coesa.
Além disso, a presença de acionistas institucionais como o BNDES e os fundos de investimento pode introduzir uma dinâmica de curto prazo no comportamento da empresa, com foco em resultados financeiros imediatos em detrimento de uma visão mais estratégica e de longo prazo.
Privatização
A discussão sobre a privatização da Eletrobras não é recente e remonta a diferentes governos ao longo das últimas décadas. No entanto, foi durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro que o processo de privatização ganhou força e foi efetivamente colocado em prática. Em junho de 2022, o governo concluiu a venda de parte das ações da empresa, reduzindo sua participação de 65% para 42%.
Os defensores da privatização argumentam que ela trará benefícios significativos para o setor elétrico brasileiro e para a economia como um todo. Por outro lado, os críticos da privatização levantam uma série de preocupações e questionamentos.
Entre as principais críticas estão o temor de aumento das tarifas de energia para os consumidores, a perda de controle estatal sobre um setor estratégico para o país, e o impacto negativo sobre os trabalhadores do setor elétrico, incluindo possíveis demissões em massa e precarização das condições de trabalho.