Nos recentes meses, observamos um aumento significativo na cotação do dólar, que ultrapassou a marca de R$ 5,10. Esse reajuste foi impulsionado por uma série de fatores políticos e econômicos tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Especialistas do setor cambial lançam luz sobre as possíveis trajetórias para a moeda norte-americana em futuro próximo.
De acordo com Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, estamos vivenciando um período denominado “higher for longer”, em que o Federal Reserve (Fed) mantém as taxas de juros em elevação por um tempo prolongado. Isso resulta em um deslocamento de investimentos para o mercado americano, fortalecendo o dólar frente a outras moedas, como o real.
Por que o dólar tem permanecido acima de R$ 5 nos últimos tempos?
Diego Costa, head de câmbio da B&T para o Norte e Nordeste, explica que a persistente valorização do dólar se deve, em parte, ao cenário de instabilidade econômica em moedas emergentes, como o real. Esse contexto é exacerbado por um prêmio de risco elevado e menor previsibilidade das políticas econômicas desses países.
Impactos da política e economia brasileira no câmbio
No cenário nacional, fatores como a incerteza fiscal e mudanças no comando de estatais têm contribuído decisivamente para a volatilidade do câmbio. A alteração recente na gestão da Petrobras, por exemplo, gerou não apenas uma queda nas ações da empresa, mas também ampliou o desgaste na imagem do Brasil entre investidores internacionais, conforme aponta Bolzan.
É possível ver o dólar abaixo de R$ 5 em 2024?
Segundo Bolzan, sem os atuais riscos fiscais e políticos, o dólar poderia estar cotado próximo a R$ 4,90. No entanto, com estas incertezas ainda em pauta, a expectativa é que a moeda flutue entre R$ 5,00 e R$ 5,10 nos próximos meses. Costa acrescenta que, embora o cenário interno mostre sinais de estabilidade, deve-se observar cuidadosamente os eventos internacionais, principalmente as decisões de política monetária do Fed.
Para uma redução substancial na cotação do dólar, seria essencial uma combinação de fatores internos favoráveis — como avanços significativos na pauta fiscal e estabilidade política — e um ambiente externo mais inclinado a políticas monetárias flexíveis.
Costa ressalta que, no contexto externo, uma perspectiva mais amena por parte do Federal Reserve poderia facilitar esse processo, permitindo um incremento na atratividade por investimentos em países emergentes, influenciando positivamente a cotação do dólar frente ao real.
Portanto, investidores e analistas seguem atentos às dinâmicas globais e locais que direcionam as taxas de câmbio, vislumbrando cenários e ajustando estratégias de acordo com as novas variáveis que se apresentam.
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