A Vale (VALE3) está no centro das discussões do mercado financeiro devido à iminente decisão sobre a permanência ou a substituição de seu atual CEO, Eduardo Bartolomeo, cujo mandato termina em maio deste ano. A empresa, privatizada desde meados de 1997, tem sido alvo de pressões, especialmente do governo, mesmo não sendo uma estatal como a Petrobras (PETR4).
A pressão do Planalto para influenciar na gestão da Vale foi evidenciada pela tentativa de indicar Guido Mantega, ex-ministro de governos anteriores do Partido dos Trabalhadores, para o Conselho de Administração ou até mesmo para a posição de CEO. Isso apesar da estrutura corporativa da empresa, na qual nenhuma acionista individual decide os rumos do negócio, e o controle é diluído entre os acionistas.
Principais acionistas
O maior acionista individual da Vale é a Previ, fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil (BBAS3), detentor de aproximadamente 8,7% do capital social da companhia. Outros acionistas relevantes incluem a Mitsui, com 6,3%, e a BlackRock, com 5,8%. É importante destacar que a Vale é uma corporation, e mais de 74% do seu capital social pertence a “Outros acionistas”, incluindo investidores pessoa física da bolsa de valores, como a BlackRock e a Mitsui.
O Conselho de Administração da Vale, órgão responsável por decisões cruciais, incluindo a recondução do CEO, é composto por 13 membros. Destes, uma cadeira é ocupada pelo presidente da Previ, João Luiz Fukunaga, enquanto o ex-presidente da Previ, Daniel André Stieler, assume a presidência do Conselho de Administração da Vale.
A maioria dos membros do conselho é independente e não representa os grandes acionistas, como é o caso de Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo. Entre os representantes dos acionistas, estão Shunji Komai, da Mitsui, e Fernando Jorge Buso Gomes, representante da Bradespar (BRAP4), braço de participações do Bradesco (BBDC4).
Salário de um conselheiro
Em termos de remuneração, integrar o Conselho da Vale é bastante atrativo, com um salário médio de R$ 1,34 milhão ao ano, o que equivale a cerca de R$ 112 mil mensais. Essas informações destacam não apenas os principais acionistas da Vale, mas também a complexa estrutura de governança da empresa e as pressões externas que podem influenciar suas decisões estratégicas.
Em meio a esse cenário complexo, a questão da sucessão na Vale levanta importantes questões sobre governança corporativa e a relação entre acionistas, conselho de administração e gestão executiva. O desafio é encontrar um equilíbrio entre os interesses dos diversos stakeholders da empresa, garantindo sua sustentabilidade e crescimento a longo prazo.