Seja em Porto Alegre, a capital mais ao sul do país, ou em Manaus, no norte, a causa do fenômeno é a mesma: queimadas em regiões da Amazônia ou do Pantanal no Brasil e em países vizinhos. Além do Pantanal, a Amazônia tem batido recorde de queimadas neste ano.
No último dia 13 de agosto, a Fiocruz Amazônia chegou a recomendar o uso de máscaras com sistema de filtragem especial (N95 ou PFF2) no “período crítico de exposição à fumaça” em Manaus. Esta medida visa proteger a população dos efeitos tóxicos da fumaça.
Consequências das queimadas para a qualidade do ar
O epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz, destaca que a situação deste ano é especialmente preocupante. “O que mais preocupa este ano em relação aos anteriores é que não se sabe, ao certo, se o que está acontecendo é simplesmente uma antecipação do período crítico ou se, realmente, este ano, teremos um período mais longo de exposição à fumaça tóxica”, comentou Orellana.
Porto Velho, em Rondônia, também está sofrendo com uma das piores qualidades do ar do país. Desde o início de agosto, a cidade vem registrando níveis alarmantes de poluição. O aeroporto de Porto Velho chegou a ser fechado devido à falta de visibilidade causada pela fumaça.
Como as queimadas afetam a saúde?
As queimadas têm consequências severas para a saúde pública. O uso de máscaras com filtragem especial é uma recomendação essencial para reduzir os riscos respiratórios. De acordo com a prefeitura de Santa Cruz de La Sierra, maior cidade da Bolívia, a qualidade do ar ficou “não saudável” devido aos incêndios florestais recentes.
Imagens de satélite de instituições como a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA) revelam que a poluição não se restringe ao Brasil, mas também se espalha para países como Paraguai, Argentina e Bolívia, afetando ainda mais a qualidade do ar na região.
O que é o rio atmosférico de fumaça?
De acordo com a meteorologista Estael Sias, da MetSul, a fumaça se espalha por meio de um fenômeno chamado “rio atmosférico de fumaça”. Similar aos “rios voadores” — corredores de umidade que transportam água do norte ao centro-sul do Brasil — o rio atmosférico de fumaça carrega partículas de poluição, afetando regiões distantes dos focos de queimadas.
Essas partículas, ao serem transportadas sem barreiras físicas na atmosfera, encontram diferentes condições de temperatura e umidade, o que pode diminuir seu impacto conforme se afastam do ponto de origem.
Céus avermelhados
Em cidades que recebem essa fumaça, é comum ver o pôr do sol com um tom mais alaranjado ou avermelhado. Isto se deve à refração dos raios solares ao encontrarem minúsculas partículas na atmosfera, como a fuligem. O mesmo efeito pode ser observado no tom alaranjado da lua.
A previsão de melhora vem com a chegada de uma frente fria entre os dias 22 e 23 de agosto, que poderá trazer chuvas e temporais, ajudando a limpar a atmosfera no Sul do Brasil. No entanto, a camada densa de fumaça deve persistir na região Norte, além de Mato Grosso e Bolívia.
Diante desse cenário, a recomendação é seguir as orientações das autoridades de saúde e meteorologia, principalmente no uso de máscaras adequadas e precauções em relação à qualidade do ar.
Com informações do site G1