O ano de 2023 não foi marcante para a Vale (VALE3). As ações da mineradora sofreram uma queda de 17,5% até a primeira metade de dezembro e o lucro operacional despencou 58% nos três primeiros trimestres em comparação com o mesmo período de 2022. Entretanto, os dividendos não foram tão afetados por essa performance desfavorável.
A Vale distribuiu R$ 28,9 bilhões em proventos aos seus acionistas em 2023, conforme levantamento da plataforma Meu Dividendo. Esse montante representa uma redução de 13% em relação ao ano anterior, mas está em linha com as expectativas do mercado, levando em consideração a queda no lucro.
Projeções para 2024
Para o ano de 2024, o CEO da Meu Dividendo, Wendell Finotti, prevê que o volume de pagamentos da mineradora se mantenha estável. Ele aponta que as projeções de produção de minério de ferro, divulgadas no início de dezembro, não indicaram aumento em relação ao ano anterior. Além disso, os resultados do próximo ano dependerão do desempenho dos mercados internacionais, mas devem se mostrar semelhantes aos de 2023.
Durante o evento “Investor Day”, a Vale reiterou seu compromisso com o retorno aos acionistas. Analistas do BTG Pactual observam que desde 2020, o payout da empresa está em torno de 46% e a expectativa é que permaneça nesse patamar no futuro. As projeções do BTG indicam que a Vale encerrará este ano com um dividend yield de 9,5% e que esse indicador aumentará para 12% a 13% em 2024, considerando também as recompras de ações.
As projeções de yield sugerem que a Vale continuará sendo uma das opções mais recomendadas para estratégias de proventos. Contudo, o cenário para a empresa também aponta para um viés positivo em relação à alocação na parte da carteira focada em ações de crescimento.
De acordo com relatório do BTG, a Vale permanece como uma das escolhas preferidas para exposição à reaceleração da economia chinesa, à medida que o governo busca atingir sua meta de crescimento. Max Bohm, estrategista de ações da Nomos, destaca que, embora tenha havido discussões sobre a desaceleração da China, as exportações da Vale para o país se mantiveram robustas e não impactaram os resultados da mineradora.
Valores negociados internacionalmente
Um fator crucial para o desempenho futuro da Vale é o preço do minério de ferro. Atualmente, a commodity é negociada em torno de US$ 130 por tonelada, e as projeções do mercado indicam que os valores devem se manter acima da faixa de US$ 100 no curto e médio prazo.
Bohm ressalta que a Vale está subvalorizada em relação aos seus principais concorrentes internacionais, como BHP e Rio Tinto, com um desconto de 15% a 20%. Ele acredita que em algum momento do próximo ano, a ação terá um fluxo bastante positivo, especialmente considerando o volume de dividendos.
Por sua vez, Bruno Benassi, especialista em ações da Monte Bravo Corretora, prevê um desempenho melhor da Vale em 2024. Ele destaca a pressão nos preços do minério de ferro, que vêm aumentando desde outubro, e as melhorias nos custos de produção e na geração de caixa. Benassi também menciona o potencial de crescimento em outras áreas da empresa, como Metais Básicos, especialmente devido ao aumento da demanda relacionada à produção de veículos elétricos.
Em suma, apesar das dificuldades enfrentadas em 2023, a Vale demonstra resiliência e mantém seu compromisso com os acionistas ao manter estáveis os pagamentos de dividendos. As projeções para 2024 são promissoras, com expectativas de aumento no dividend yield e potencial de valorização das ações, impulsionadas pela demanda chinesa e pelo cenário favorável para o preço do minério de ferro.