Um caso inusitado de fraude em pensão militar veio à tona após décadas de pagamentos irregulares.
Entre 1988 e 2022, Ana Lucia Umbelina Galache, utilizando-se de documentos falsos, conseguiu o benefício de pensão do Exército Brasileiro destinada ao seu tio-avô, Vicente Zarate, falecido em 1988.
O esquema, que envolveu o registro em nome de Ana Lucia Zarate, começou a ser desvendado em 2021 quando sua avó, Conceição Galache, decidiu denunciar a fraude.
Registro fraudulento e a pensão
O esquema teve início ainda em 1986, dois anos antes do falecimento do Segundo Sargento Vicente Zarate. Conceição Galache, avó de Ana Lucia, foi a mentora do ato, registrando-a em Campo Grande (MS) como filha do militar para garantir o acesso à pensão.
A nova certidão permitiu que Ana Lucia solicitasse, em 1989, a habilitação como pensionista, recebendo os valores integralmente até 2022, totalizando um prejuízo de R$3,7 milhões ao Exército.
Denúncia e investigação
O caso começou a ser investigado em 2021, após Conceição procurar a Polícia Civil e a Administração Militar. Alegando que sua neta, Ana Lucia, não repassava a quantia combinada, a senhora confirmou que a jovem não era filha de Vicente Zarate.
A investigação revelou que Ana Lucia, na verdade, era sobrinha-neta do militar e confessou ter adotado o sobrenome Zarate unicamente para a obtenção do benefício.
Sentença e defesa
A Justiça Militar julgou Ana Lucia culpada por estelionato, condenando-a por se passar por falsa dependente e prejudicar os cofres públicos. A pena incluiu a devolução do valor total recebido indevidamente ao longo dos anos, que somam R$ 3, 7 milhões.
A Defensoria Pública da União, representando Ana Lucia, recorreu da decisão, alegando falta de dolo e escassez de provas. O recurso ainda aguarda julgamento no Superior Tribunal Militar.