O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (30), durante o Expert XP, que qualquer ajuste nos juros será realizado de forma gradual, caso ocorra.
Este posicionamento foi interpretado pelo mercado como um indício de que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode aumentar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual em setembro. Atualmente, a taxa Selic está em 10,5% ao ano.
Campos Neto reforçou algumas mensagens da ata do Copom, destacando que ajustes futuros na taxa de juros serão guiados pelo compromisso com a convergência para a meta de inflação.
Ele também enfatizou que o BC está disposto a tomar todas as medidas necessárias para atingir essa meta. Contudo, ele apontou a existência de um prêmio de risco na ponta curta da curva de juros, o que não estaria em linha com as comunicações recentes do Copom.
Por que o BC opta por ajustes graduais?
Campos Neto afirmou que não existe um “ciclo de credibilidade”, mas sim que essa confiança é conquistada com uma política monetária baseada em fundamentos técnicos e comunicação transparente.
Especialistas argumentam que ajustes graduais na taxa de juros são importantes para evitar instabilidades econômicas abruptas, permitindo ao mercado se ajustar de forma ordenada às novas condições.
Expectativas para o próximo ciclo de ajustes na Selic
A declaração de Campos Neto de que pode haver um ciclo de elevações na Selic foi vista como um movimento para alinhar as expectativas do mercado, que inicialmente apostava em um aumento de 0,5 ponto percentual. Agora, a aposta majoritária é de um incremento de 0,25 ponto em setembro. Esse realinhamento pode trazer mais previsibilidade e estabilidade ao mercado financeiro.
Campos Neto também destacou que a assimetria do balanço de riscos para a inflação não deve ser interpretada como uma orientação clara sobre os próximos passos da política monetária, indicando a necessidade de flexibilidade e adaptabilidade às condições econômicas em constante mudança.
Projeções globais e seus efeitos na Economia brasileira
Além do cenário doméstico, Campos Neto mencionou a percepção global de uma desaceleração econômica, citando os Estados Unidos como um exemplo. Segundo ele, a expectativa é de que o Federal Reserve (Fed) inicie um ciclo de queda de juros em setembro, uma decisão que será influenciada por importantes indicadores econômicos.
Essa possível queda de juros nos Estados Unidos pode ter implicações significativas para o Brasil e outras economias emergentes. Uma política monetária mais branda por parte do Fed poderia levar a uma maior entrada de capitais estrangeiros no Brasil, valorização do real e aumento da liquidez no mercado financeiro nacional.
No simpósio de Jackson Hole, na semana passada, o presidente do Fed, Jerome Powell, indicou que a inflação americana está convergindo para níveis próximos da meta. Esta análise, somada à expectativa de desaceleração no mercado de trabalho americano, está alimentando as especulações sobre futuras políticas de ajuste monetário.
Próximas etapas e o mercado de trabalho americano
Campos Neto apontou ainda que, ao observar os comunicados do Fed, há uma percepção de que uma desaceleração no mercado de trabalho americano é iminente. Esta análise reforça a visão de que o mundo está se preparando para um ciclo de queda de juros nos Estados Unidos.
Em resumo, a expectativa de que o mercado de trabalho comece a desaquecer pode contribuir para um cenário de ajuste gradual nas taxas de juros, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, alinhando as políticas monetárias de ambas as nações a objetivos de longo prazo de estabilidade econômica.
Com o mercado financeiro ajustando suas expectativas, as próximas reuniões do Fed e do Copom serão cruciais para definir os rumos das políticas monetárias, impactando diretamente a economia global e nacional. O acompanhamento atento dos indicadores econômicos será fundamental para entender as tendências futuras e suas implicações.