Em agosto deste ano, ocorreu a 17ª vez desde o início do Plano Real que o Brasil registrou uma deflação, com uma queda de 0,02% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A deflação se caracteriza pela queda generalizada dos preços durante um determinado período de tempo, ou seja, é o oposto da inflação. Em geral, está associada a uma queda da demanda por produtos, seja porque a oferta cresceu mais do que a procura, ou porque os consumidores ficaram mais retraídos em relação aos gastos.
O impacto da deflação na economia brasileira
O principal fator da deflação foi a redução de 2,77% nos preços da energia elétrica residencial, com o retorno da bandeira tarifária verde.
Além disso, itens de alimentação e bebidas também contribuíram para a queda acentuada dos preços na categoria habitação, que, no geral, ficaram 0,51% mais baratos.
Quais são as consequências da deflação?
Para os consumidores, a deflação pode parecer uma coisa boa, já que significa redução de gastos e mais dinheiro no bolso. No entanto, uma deflação persistente não é um bom sinal quando se pensa na economia como um todo. Isso pode indicar debilidade da atividade econômica.
Quando há excesso de oferta de bens ou ausência de demanda, há um aumento da capacidade ociosa na produção, e investimentos em novas fábricas ou ampliação de linhas deixam de fazer sentido. Um dos efeitos disso acaba sendo o aumento do desemprego.
O remédio para combater esse quadro costuma ser o aumento dos gastos públicos, que pode levar a um endividamento maior do Estado. Ou seja, torcer para uma deflação permanente pode não ser uma boa ideia.
Qual a frequência das deflações no Brasil?
Veja a seguir os meses em que o Brasil registrou deflação desde o início do Plano Real, segundo o IBGE:
- Agosto/1997: -0,02%
- Julho/1998: -0,12%
- Agosto/1998: -0,51%
- Setembro/1998: -0,22%
- Novembro/1998: -0,12%
- Junho/2003: -0,15%
- Junho/2005: -0,02%
- Junho/2006: -0,21%
- Junho/2017: -0,23%
- Agosto/2018: -0,09%
- Novembro/2018: -0,21%
- Setembro/2019: -0,04%
- Abril/2020: -0,31%
- Maio/2020: -0,38%
- Julho/2022: -0,68%
- Junho/2023: – 0,08%
- Agosto/2024: – 0,02%
Para o mês de setembro, a bandeira tarifária vermelha de patamar 1, acionada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), deve impactar novamente o IPCA, mas dessa vez com um aumento de preços.
Em resumo, embora a deflação possa parecer vantajosa para os consumidores a curto prazo, seus efeitos a longo prazo podem ser prejudiciais para a economia como um todo, indicando debilidade econômica e possivelmente aumentando o desemprego.