É comum vermos notícias sobre donos de super carros com dívidas milionárias de IPVA. Mas por que, se possuem carros de luxo, não pagam um imposto que, em comparação ao valor do veículo, pode parecer insignificante?
A resposta envolve uma complexa interação de fatores econômicos, legais e comportamentais.
O alto custo do IPVA e as alternativas de investimento
O IPVA sobre um supercarro pode facilmente ultrapassar os seis dígitos. Para muitos proprietários, essa quantia representa um investimento considerável. Em vez de entregá-la aos cofres públicos, eles preferem aplicá-la em ativos que podem gerar um retorno financeiro maior, como ações, fundos de investimento ou imóveis.
Para se ter uma noção, por exemplo, o valor do IPVA de uma Lamborghini Urus LP-650-4 0 km, gira em torno de R$ 156 mil.
A alta rentabilidade de algumas aplicações financeiras torna a decisão de não pagar o IPVA ainda mais atrativa. Com taxas de juros variando ao longo do tempo, o dinheiro investido pode gerar um retorno superior ao valor do imposto, especialmente em um período de alta inflação.
A questão da prescrição e da venda do veículo
Outro fator que influencia a decisão de não pagar o IPVA é o prazo de prescrição da dívida. No Brasil, a dívida de IPVA prescreve em cinco anos. Ou seja, se o proprietário vender o veículo antes desse prazo, ele pode abater o valor do imposto do preço de venda.
Essa prática, embora não seja legal, é comum no mercado de supercarros. Muitos compradores já esperam que o veículo tenha débitos de IPVA e negociam o valor da compra com base nessa premissa.
A proteção patrimonial e a privacidade
A utilização de empresas para a compra de veículos de luxo é outra prática comum entre os proprietários de supercarros. Essa estratégia visa proteger o patrimônio pessoal, garantir mais privacidade e, em alguns casos, reduzir a carga tributária.
Ao colocar o veículo em nome de uma empresa, o proprietário pode separar seus bens pessoais dos bens da empresa, o que pode ser vantajoso em caso de processos judiciais ou outras situações que possam comprometer seu patrimônio pessoal.