Uma investigação realizada pelo UOL eleições municipais de 2020, cruzou dados públicos dos candidatos com informações das folhas de pagamento dos benefícios pagos pelo Governo Federal.
Na época, mais de 500 candidatos nas eleições municipais possuíam patrimônios acima de R$ 1 milhão, mas ainda assim receberam recursos do auxílio emergencial e Bolsa Família.
O levantamento revelou que muitos candidatos, incluindo prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, receberam os auxílios, alegando diversas justificativas.
Quantos candidatos receberam o auxílio emergencial?
O número exato de candidatos milionários que receberam auxílio emergencial ultrapassou 500. Exemplos notórios incluíam Kinho Pancotte, agricultor e candidato a prefeito de Itapuca (RS), que declarou possuir mais de R$ 8 milhões em bens, mas recebeu R$ 1.800 em auxílios emergenciais.
Pancotte, que devolveu o montante ao governo, explicou que pediu o benefício devido a uma grande perda de colheita em suas propriedades rurais.
Outros candidatos, como Dra. Verbena da Paz (PRTB), candidata a prefeita de Anapu (PA), e Mestre Rodrigo (PSOL), candidato a prefeito de Bebedouro (SP), também justificaram o pedido do auxílio apesar de possuírem bens elevados.
Quem foram os candidatos beneficiários do Bolsa Família com patrimônio milionário?
Além do auxílio emergencial, candidatos milionários também foram encontrados recebendo o Bolsa Família. Nilde Ferreira (PT), candidata a vereadora em Paraíso do Tocantins (TO), declarou ter R$ 1,25 milhão em bens, mas ainda assim recebeu parcelas do Bolsa Família.
Nilde alegou ser mãe solo e afirmou que a propriedade declarada de R$ 800 mil era de seu atual marido, registrada em seu nome.
Jania de Seu Geraldo (PSL), candidata a vereadora em Mimoso de Goiás (GO), também declarou R$ 1,2 milhão em bens, incluindo três carros, e recebeu três parcelas do Bolsa Família, no entanto, afirmou não ter sacado nenhuma delas.
Auxílio emergencial e o Bolsa Família
O auxílio emergencial foi criado em 2020 durante a pandemia por Covid-19, para apoiar cidadãos sem carteira assinada e desempregados.
Os critérios de elegibilidade incluíam uma renda familiar mensal de até três salários mínimos (R$ 3.135) ou renda de até meio salário mínimo por pessoa (R$ 522,50), além de não ter rendimentos tributáveis superiores a R$ 28.559,70 em 2018.
O último pagamento foi efetuado em dezembro de 2022. Depois disso, o governo implementou o Auxílio Brasil como uma alternativa contínua para apoiar as famílias mais vulneráveis.
Já o Bolsa Família atende famílias com renda mensal de até R$ 218 por pessoa e que possuem cadastro no Cadastro Único.
O que disseram as instituições envolvidas?
A Caixa Econômica Federal declarou na época que sua função era apenas executar os pagamentos, sem interferir na definição dos critérios ou análise dos beneficiários.
O Ministério da Cidadania também afirmou que todos os benefícios com indícios de ilegalidade foram encaminhados aos órgãos competentes para providências.
O ministério ainda destacou que atuou em parceria com a Caixa, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal para identificar e penalizar eventuais fraudes nos programas sociais. No entanto, não comentou especificamente sobre os candidatos que receberam o Bolsa Família.
*Com informações do site UOL