Recentemente, o X, rede social de Elon Musk, anunciou o fechamento de seu escritório no Brasil. Sem uma sede oficial há cerca de dois anos, a empresa decidiu encerrar suas atividades no país em meio a um tumultuado embate com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Elon Musk, em seu perfil na rede social, atribuiu o fechamento do escritório às “exigências de censura” impostas pelo ministro. Segundo ele, concordar com essas exigências comprometia a integridade da empresa.
“A decisão de fechar o escritório X no Brasil foi difícil, mas, se tivéssemos concordado com as exigências de censura secreta (ilegal) e entrega de informações privadas de @alexandre, não haveria como explicar nossas ações sem ficarmos envergonhados.”
Conflito entre Musk e Moraes
A tensão entre o bilionário e o ministro não é de hoje. Desde as revelações do chamado “Twitter Files Brazil”, onde e-mails internos do Twitter foram expostos, as disputas aumentaram. Esses documentos foram divulgados pelo jornalista americano Michael Shellenberger e destacam decisões judiciais brasileiras envolvendo a rede social entre 2020 e 2022.
A situação escalonou quando Musk começou a desafiar publicamente Moraes, acusando-o de censura e prometendo descumprir ordens judiciais. O ministro respondeu incluindo Musk no inquérito das milícias digitais e iniciando uma nova investigação sobre possíveis crimes de obstrução à Justiça, organização criminosa e incitação ao crime.
Por que o escritório do X no Brasil foi fechado?
Segundo informações divulgadas pelo perfil oficial do X dedicado às relações governamentais, a decisão de fechar o escritório no Brasil foi motivada pela pressão exercida pelo ministro Moraes.
O ministro teria ameaçado prender o representante legal do X caso a rede social não cumprisse suas ordens para bloquear certos perfis num prazo de 24 horas. “Para proteger a segurança de nossa equipe, tomamos a decisão de encerrar nossas operações no Brasil, com efeito imediato”, diz a nota oficial.
A rede social continua ativa no Brasil, mas sem uma presença física. Em agosto do ano passado, Moraes ordenou o bloqueio de sete perfis de bolsonaristas na plataforma, incluindo o do senador Marcos do Val (Podemos-ES).
O X não cumpriu a decisão e classificou a ordem como censura. Isso resultou em novas ameaças de prisão para a administradora da empresa, Rachel de Oliveira Villa Nova Conceição, e uma multa diária de R$ 20 mil.
Possíveis desdobramentos
Novas ações legais podem surgir tanto do STF quanto da rede social, especialmente se outras ordens judiciais forem emitidas. Os próximos passos de Musk e Moraes serão decisivos para o futuro da liberdade de expressão e regulação das redes sociais no Brasil.
Até lá, os usuários e empresas observarão de perto os desdobramentos deste caso que já levantou debates globais sobre governança e direitos digitais.