O mundo alcançou um novo marco financeiro preocupante em 2023, segundo as informações divulgadas pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). A dívida pública global alcançou uma cifra histórica, atingindo US$ 97 trilhões, um aumento de US$ 5,6 trilhões em relação ao ano anterior. Esse crescimento expressivo é reflexo de várias crises em escala global e de uma recuperação econômica que se mostrou fraca e desigual entre as nações.
A distribuição da dívida pública pelo mundo, contudo, revela desigualdades acentuadas. Enquanto alguns países desenvolvidos mantêm certo controle sobre suas finanças públicas, nos países em desenvolvimento, a situação é mais alarmante – a velocidade de crescimento da dívida nesses locais é aproximadamente duas vezes maior do que nos países desenvolvidos. Esse cenário eleva preocupações quanto à sustentabilidade financeira dessas nações a longo prazo.
Qual tem sido o papel dos países em desenvolvimento no crescimento da dívida global?
Em 2023, a dívida dos países em desenvolvimento alcançou a marca de US$ 29 trilhões, correspondendo a 30% do total da dívida global. Esse valor é três vezes maior do que o registrado em 2010, quando esses países detinham apenas 10% da dívida total. Esse aumento substancial destaca o desafio crescente que esses países enfrentam para gerenciar suas obrigações financeiras sem comprometer o desenvolvimento econômico e social.
Disparidades regionais na dívida dos países em desenvolvimento
As disparidades regionais na acumulação de dívida são notáveis, especialmente entre os continentes. Mais de três quartos da dívida pública dos países em desenvolvimento são detidos por nações da Ásia e da Oceania. Em contraste, os países da América Latina e do Caribe representam cerca de 17% dessa dívida, enquanto a África detém apenas 7%. Contudo, é importante ressaltar que, no continente africano, a situação é particularmente preocupante: um número maior de países possui dívidas que ultrapassam 60% do seu Produto Interno Bruto (PIB).
Impacto e consequências do aumento da dívida pública
Este crescente endividamento lança sombras sobre o futuro econômico dos países em desenvolvimento, possivelmente limitando seus investimentos em áreas essenciais como educação, saúde e infraestrutura. Além disso, a alta dependência de empréstimos pode comprometer a capacidade desses países de responder a choques econômicos futuros e desacelerar suas recuperações pós-crise.
A Unct, ao divulgar esses números, enfatiza a necessidade urgente de abordagens sustentáveis e inclusivas para o gerenciamento da dívida pública. A organização sugere que uma cooperação internacional mais forte, juntamente com políticas adequadas, poderia ajudar essas nações a equilibrar suas contas, evitar crises de dívida futuras e fomentar um progresso econômico mais equânime e sustentável. A questão permanece: até quando os países conseguirão gerenciar essas cifras astronômicas sem consequências drásticas para suas economias?
Conclusão:
O panorama revelado pela Unctad é um chamado à reflexão e à ação. Os números são claros e exigem uma resposta coordenada da comunidade internacional, objetivando não apenas a estabilidade financeira global, mas também o desenvolvimento sustentável e inclusivo mundial.