O talco é um mineral, com uma variedade de aplicações em diversas indústrias. Este mineral não só tem um papel fundamental na fabricação de cosméticos, mas também em cerâmica, tintas e coberturas.
Um dos usos mais conhecidos do talco é como talco de bebê, muitas vezes combinado com amido de milho. Este mineral essencial também é um ingrediente popular em cosméticos, cerâmicas, tintas e materiais de cobertura. Mas, recentemente seu uso começou a ser associado como causa de doenças graves.
No último sábado (21), a companhia Red River Talc LLC, subsidiária da Johnson & Johnson anunciou que entrou com um pedido voluntário de Chapter 11 nos Estados Unidos.
Este recurso jurídico, similar à recuperação judicial no Brasil, busca resolver todas as reclamações correntes e futuras relacionadas ao uso do talco, supostamente causador de câncer de ovário.
Em 2020, a empresa já havia parado de vender o produto nos Estados Unidos e Canadá, justificando a decisão pela queda na demanda devido à “desinformação”. Segundo a gigante farmacêutica, o talco estava livre de amianto, contrastando com as alegações dos consumidores.
Entenda a polêmica
O primeiro caso judicial contra a Johnson & Johnson foi em 1999, quando Darlene Coker processou a empresa, alegando que a exposição ao amianto através do talco lhe causou mesotelioma, um tipo raro de câncer. Documentos e depoimentos internos da companhia indicam que a questão era discutida internamente desde 1971, mas só foi levada a público depois de 2000.
Uma investigação da Reuters revela que, apesar das negativas da Johnson & Johnson, a empresa estaria ciente da contaminação desde a década de 1970.
Em 2009, foram feitos testes em 34 amostras do produto, sem encontrar a substância. Contudo, a falta de transparência e os dados compartilhados por ordem judicial levantam dúvidas sobre a segurança do talco.
Pedido de Chapter 11
O pedido de Chapter 11 visa resolver os litígios e as futuras reclamações de forma mais ágil. De acordo com o comunicado, 83% dos reclamantes atuais apoiam a iniciativa. Isso permite que a Johnson & Johnson administre o acordo dentro da estrutura da recuperação judicial, mantendo suas operações enquanto resolve os litígios.
A Red River comprometeu-se com um pagamento de US$ 8 bilhões, além de US$ 1 bilhão a serem depositados em um fundo fiduciário, pagando um total de US$ 10 bilhões nominalmente ao longo de 25 anos.
Futuro dos litígios contra a Johnson & Johnson
Apesar das resoluções propostas, os casos de mesotelioma ainda não estão incluídos no plano de recuperação. A empresa alega que a maioria dos reclamantes de câncer de ovário nunca terá seu dia no tribunal.
Recentemente, a empresa foi condenada a pagar US$ 18,8 milhões a um morador da Califórnia, que alegou que o talco produzido pela marca causou seu mesotelioma. Essa decisão sublinha a complexidade dos litígios enfrentados pela Johnson & Johnson e a provável continuidade dos processos judiciais no futuro próximo.
Com a continuidade das investigações e das decisões judiciais, a gigante farmacêutica tenta se reerguer e restaurar a confiança do público em seus produtos.