O cenário competitivo do setor financeiro digital no México está prestes a ficar mais acirrado. O Mercado Livre anunciou recentemente que sua fintech, Mercado Pago, está em processo de obtenção de uma licença bancária no país, com o intuito de se estabelecer como o maior banco digital do México. Esta jogada coloca a empresa em rota de colisão direta com o Nubank, que também tem planos ambiciosos para a região.
O que significa essa movimentação do Mercado Pago?
Pedro Rivas, gerente geral do Mercado Pago, explicou que a obtenção da licença bancária é um passo natural para a empresa, que já opera no México há dois anos sob licença de Instituição de Fundos de Pagamento Eletrônico, oferecendo produtos financeiros semelhantes aos de bancos tradicionais. Com a licença, o Mercado Pago poderá expandir significativamente sua carteira de serviços, incluindo a possibilidade de receber depósitos de folha de pagamento e eliminar limitações sobre valores retidos.
Qual é o impacto esperado no mercado financeiro mexicano?
O anúncio foi visto com bons olhos pelos analistas, que apontam um potencial substancial de crescimento para o Mercado Pago, especialmente considerando que o México representa uma porcentagem significativa das receitas da empresa. Além disso, a licença bancária permitiria uma intensificação da competição com o Nubank, particularmente no oferecimento de produtos bancários no país.
As primeiras reações do mercado
Após o anúncio, as reuniões do Mercado Livre com órgãos reguladores mexicanos já tiveram início, com expectativas de que o pedido de licença seja formalmente apresentado nos próximos meses. Segundo os analistas da Ativa Investimentos, essa etapa é crucial e vista de maneira positiva, podendo trazer um aumento na diversificação de produtos e receitas por geografia para o Mercado Livre.
O que dizem os especialistas sobre os desafios?
Ainda que as perspectivas sejam promissoras, especialistas alertam para possíveis desafios. O BTG Pactual aponta que o México precisa acelerar reformas regulatórias para não perder a janela de oportunidade de crescimento nesse setor. Enquanto o Pix revolucionou o uso bancário no Brasil, sua contrapartida mexicana, o CoDi, ainda não ganhou tração. A baixa penetração de cartões de crédito também é vista como um obstáculo que pode retardar a adoção de serviços financeiros digitais mais amplamente.
Visão futura: bancos digitais no México
Enquanto o Mercado Pago caminha para se consolidar como banco, o Nubank continua a expandir sua base de clientes, buscando replicar no México o sucesso obtido no Brasil. O cenário é de uma verdadeira “lucha libre” financeira, com os dois gigantes disputando cada vez mais espaço em um mercado emergente e promissor. Esta competição, alimentada pela inovação e adaptada às necessidades locais, promete transformar profundamente o cenário bancário digital mexicano nos próximos anos.
Com intenções declaradas e movimentos estratégicos em ação, os próximos capítulos desta disputa prometem ser decisivos para o futuro do mercado financeiro digital no México.