O Maranhão, localizado no nordeste brasileiro, destaca-se não somente por abrigar famosos locais de beleza natural, mas, também por ser o estado com a maior proporção de pessoas em situação de extrema pobreza no Brasil.
Conforme dados do Censo IBGE de 2022, 8,4% dos maranhenses vivem com menos de R$ 200 mensais, enquanto 57,9% estão em situação de pobreza, sobrevivendo com até R$ 637 por mês.
O estado apresenta a menor renda média mensal do país, apenas R$ 409 por habitante, contrastando significativamente com o salário mínimo nacional de R$ 1.320 em 2023. Municípios como Matões do Norte e Primeira Cruz são exemplos dessa situação, tendo alguns dos menores índices de renda média do Brasil.
Este cenário faz parte de uma investigação mais ampla, o “Mapa da Riqueza no Brasil”, liderado por Marcelo Neri, da FGV Social, que destaca as complexidades socioeconômicas do Maranhão.
Por que tanta desigualdade?
Marcelo Neri define o Maranhão como um local onde a pobreza e a falta de riqueza coexistem de forma marcante.
Essa condição não é meramente uma questão de baixa renda de trabalho formal, mas também reflete uma baixa declaração de bens à Receita Federal. Apenas 5,93% dos habitantes declararam o Imposto de Renda 2023, evidenciando os obstáculos econômicos enfrentados no estado.
O Maranhão possui características econômicas específicas que influenciam diretamente seu perfil de pobreza. O estado, com influências tanto do norte quanto do nordeste, é caracterizado por alta informalidade e ruralidade.
Essas são tendências históricas que remontam ao final do século XIX, quando a economia era dominada por atividades de subsistência, pecuária e extrativismo.
Como a informalidade afeta a economia do Maranhão?
O nível de informalidade no Maranhão é significativo e impacta diretamente a economia local. Conforme a Pnad Contínua do IBGE, em 2023, 56,5% dos trabalhadores maranhenses estavam em condições de informalidade, sem carteira assinada e sem acesso a benefícios sociais.
A alta mecanização na produção de grãos, como soja e milho, dificulta ainda mais a criação de empregos formais, uma vez que a maioria das operações no campo não requer mão de obra intensiva.
Especialistas dizem que o apoio do Bolsa Família é crucial para muitos maranhenses. No entanto, a dependência desses benefícios destaca as lacunas na criação de oportunidades de emprego formal e desenvolvimento econômico.
O estado possui mais beneficiários do Bolsa Família do que trabalhadores com carteira assinada, uma estatística que ressalta o desafio de integrar a população ao mercado de trabalho formal.
Pontos turísticos maranhenses
Contrastando com os altos níveis de pobreza, o estado é casa de um dos pontos turísticos mais bonitos e conhecidos do país, os Lençóis Maranhenses. Além dele, Maranhão abriga outros pontos turísticos muito procurados pelos brasileiros. São eles:
São Luís
A capital do estado é uma cidade cheia de história e cultura. Fundada por franceses em 1612, possui um centro histórico repleto de casarões coloniais ricamente decorados com azulejos portugueses.
Esses azulejos contam histórias visuais da herança colonial e são uma marca registrada da cidade. Além disso, São Luís é famosa por suas festas juninas e o tradicional Bumba meu Boi, um espetáculo único que mescla influências indígenas, africanas e europeias.
Delta do Parnaíba
Localizado na divisa com o Piauí, é um dos únicos deltas em mar aberto do mundo e oferece paisagens incríveis.
Alcântara
Possui ruínas coloniais e praias desertas.
Chapada das Mesas
Localizada no sul do estado, no município de Carolina, o Parque Nacional da Chapada das Mesas
é um convite a trilhas e cachoeiras de beleza cênica.
Quais estratégias podem melhorar a situação no Maranhão?
Atualmente, o Maranhão precisa de estratégias eficazes para superar as dificuldades econômicas. Entre as medidas que podem ser consideradas estão:
- Investimento na educação técnica e profissional para capacitar os trabalhadores locais.
- Estímulo a pequenos negócios e empreendimentos locais para aumentar as oportunidades de emprego formal.
- Melhorias na infraestrutura para facilitar o acesso aos mercados e incentivar novos investimentos no estado.
A modernização agrícola, apesar de contribuir para a economia, também precisa ser revisada para garantir que os pequenos agricultores tenham acesso a recursos e possam competir de forma justa.
Em síntese, o Maranhão enfrenta uma realidade desafiadora, mas não impossível de ser transformada. Com políticas adequadas e investimento em capital humano, o estado poderá reduzir suas taxas de pobreza e aumentar sua capacidade de gerar riqueza e oportunidades para seus habitantes.