A Victoria’s Secret, famosa marca de lingerie norte-americana, anunciou recentemente uma transformação em sua estratégia de marketing, substituindo as tradicionais “angels” por figuras influentes em diversas áreas, como a atleta Megan Rapinoe e a atriz Priyanka Chopra.
Esta mudança marca o fim de uma era que definiu a imagem da marca desde sua fundação há mais de quatro décadas.
As origens da marca
Contrariando o que muitos podem imaginar, a Victoria’s Secret não nasceu de uma visão feminina, mas sim da iniciativa do empresário americano Roy Raymond.
Durante os anos 1970, Raymond percebeu que muitos homens, assim como ele, se sentiam desconfortáveis ao comprar lingerie em lojas de departamento, diante de corredores iluminados por luzes frias e vendedores pouco solícitos ao público masculino. Então, decidiu criar um ambiente mais acolhedor e privado para este tipo de compra.
Com um MBA pela Universidade de Stanford, Raymond solicitou em empréstimo de US$ 40 mil de um banco e uma quantia igual de seus sogros, abrindo a primeira Victoria’s Secret em Palo Alto, Califórnia, em 1977.
Inspirando-se na luxuosa era vitoriana, a loja tentava replicar penteadeiras elegantes, atraindo clientes com seu toque sofisticado. No primeiro ano, a receita atingiu expressivos US$ 500 mil.
Os desafios iniciais e a intervenção de Leslie Wexner
Apesar do sucesso inicial, a gestão da empresa enfrentava dificuldades. Em busca de novos direcionamentos, Raymond atraiu o interesse de Leslie Wexner, um empresário experiente no setor de vestuário com um histórico de sucesso, que comprou a Victoria’s Secret por US$ 1 milhão e implementou mudanças.
Wexner percebeu que a marca precisava focar mais no público feminino, tornando as lingeries mais acessíveis e confortáveis para o dia-a-dia.
Sob a gestão de Wexner, a Victoria’s Secret se expandiu rapidamente, diversificando seu catálogo e consolidando-se no mercado. Em menos de duas décadas, a marca contava com centenas de lojas nos Estados Unidos e uma sólida reputação global.
Evolução e impacto cultural
Durante muitos anos, os desfiles de modas da Victoria’s Secret com seus característicos “anjos” foram eventos de grande aclamação, projetando supermodelos ao estrelato e definindo padrões de beleza influentes.
No entanto, em tempos de debates sobre inclusão e diversidade, a empresa vinha enfrentando críticas e perda de relevância perante novas marcas que abordam estes temas de forma mais direta e moderna.
O novo modelo de representação na Victoria’s Secret, incorporando personalidades de diferentes perfis e áreas, é parte de um esforço para reposicionar a marca diante dos desafios atuais e permanecer atraente para uma clientela em constante evolução.
Um legado em reavaliação
Com um forte legado e influência no setor de moda íntima, a marca busca agora ressignificar sua presença através de uma comunicação mais alinhada com os valores atuais de seus consumidores.
Embora a história de Roy Raymond, seu fundador, tenha um desfecho inesperado, a visão empreendedora que estabeleceu a base para a marca continua a inspirar outras iniciativas no mundo dos negócios.