Na madrugada desta segunda-feira, 12 de agosto, o Brasil perdeu um dos economistas mais influentes de sua história. Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, faleceu aos 96 anos em São Paulo, após enfrentar complicações de saúde.
Delfim ficou conhecido por seu papel central no chamado “milagre econômico” durante a ditadura militar.
O que foi o “milagre econômico”?
O “milagre econômico” foi um período de rápido crescimento econômico no Brasil, ocorrido entre os anos de 1968 e 1973, durante a ditadura militar. Esse fenômeno foi marcado por uma expansão acelerada do Produto Interno Bruto (PIB), industrialização intensiva e aumento dos investimentos estrangeiros.
A economia brasileira cresceu a taxas anuais superiores a 10%, o que gerou um otimismo considerável sobre o futuro do país. O economista Antônio Delfim Netto, que ocupava o cargo de Ministro da Fazenda durante esse período, foi um dos principais responsáveis pela implementação das políticas econômicas que resultaram no “milagre”.
Suas medidas incluíram a atração de capitais externos, a manutenção de uma moeda artificialmente valorizada, incentivos fiscais para grandes empresas e investimentos em infraestrutura.
Medidas contribuíram para desigualdades no país
Embora o “milagre econômico” tenha trazido crescimento significativo, ele também aprofundou desigualdades sociais e regionais. O crescimento não foi distribuído de forma equitativa entre a população, e muitas políticas beneficiaram mais as elites e os grandes conglomerados industriais do que as camadas mais pobres da sociedade.
Delfim Netto, em entrevistas posteriores, negou que houvesse um “milagre” propriamente dito, atribuindo o crescimento ao esforço dos brasileiros e à conjuntura internacional favorável.
O período também foi marcado pela repressão política, com a implementação do Ato Institucional Número 5 (AI-5) em 1968, que suspendeu garantias constitucionais e intensificou a censura e a perseguição aos opositores do regime. Delfim Netto foi um dos signatários desse ato, que ficou conhecido como o mais repressivo da ditadura.