Nas últimas semanas, a Azul Linhas Aéreas (AZUL4) ganhou destaque no mercado financeiro após finalizar um importante acordo com seus fornecedores, que envolveu a troca de dívidas por novas ações.
Esta medida visou afastar a empresa do risco de recuperação judicial, um temor que vinha pairando sobre a companhia devido às suas crescentes obrigações financeiras.
Desde o mês passado, os investidores e mercado se mostraram animados com a expectativa desse acordo, o que levou as ações da companhia a subirem cerca de 40% em setembro, segundo a B3. Porém, no dia seguinte do acordo, as ações subiram somente 8%.
Detalhes do acordo
Segundo comunicado oficial da Azul, a companhia aérea conseguiu envolver 92% de suas obrigações com fornecedores em um acordo de reestruturação.
Em troca da eliminação de dívidas que somam R$ 3 bilhões, a empresa emitiu 100 milhões de novas ações, uma operação avaliada em R$ 575 milhões, conforme análise do Bank of America.
Este movimento estratégico foi considerado essencial para melhorar a estrutura de capital da empresa e reduzir o risco de um processo mais complexo de recuperação judicial.
Implicações para os acionistas
Embora o acordo tenha sido recebido positivamente, a emissão de novas ações traz consigo uma inevitável diluição da participação dos acionistas existentes. No entanto, conforme apontam analistas do BTG Pactual, a diluição efetiva de 22% foi significativamente menor do que o previsto anteriormente, que era estimado em 62%.
A negociação também atenuou o impacto sobre o patrimônio dos acionistas minoritários, algo destacado por outros analistas do mercado, como os da Genial Investimentos. A avaliação do preço das ações a R$ 30 contribuiu para essa percepção menos negativa.
Análise do mercado
Os analistas do Bank of America continuam cautelosos quanto ao desempenho futuro da Azul. A instituição financeira reduziu seu preço-alvo para as ações da companhia de R$ 7,80 para R$ 6,80, refletindo a preocupação com a relação custo-benefício das ações, especialmente em um ambiente econômico volátil.
Por outro lado, o BTG Pactual e a Genial mantêm uma perspectiva mais otimista, com um preço-alvo significativamente superior, de R$ 17. Tais divergências evidenciam a incerteza em torno do futuro financeiro da Azul.
A recente adição de novas ações ao mercado, combinada com fatores econômicos externos, cria um cenário complexo para a Azul Linhas Aéreas. Embora o acordo de redução de dívidas tenha posicionado a empresa em uma trilha mais estável, a volatilidade do mercado e os desafios econômicos interiores apresentam riscos substanciais.