A Petrobras (PETR4) está prestes a divulgar os resultados financeiros do segundo trimestre de 2024 e, segundo as projeções, a estatal pode enfrentar desafios significativos devido à queda na produção de petróleo e à defasagem no preço dos combustíveis. A expectativa é de que esses fatores influenciem negativamente a distribuição de dividendos aos acionistas.
A divulgação do balanço da Petrobras ocorrerá nesta quinta-feira (8), após o fechamento do mercado, e analistas preveem um cenário de lucro líquido 38,8% menor em comparação ao mesmo período do ano anterior, somando R$ 17,610 bilhões. Em relação ao primeiro trimestre de 2024, o resultado deve ser 25,7% mais baixo.
A defasagem de preço dos combustíveis
A defasagem de preço dos combustíveis é uma preocupação constante para a Petrobras. Com a alta acumulada de 16% do dólar em 2024, a cotação do Brent — referência internacional — não sofreu oscilações significativas, mas na conversão para reais, o barril de petróleo pesa mais nas contas da estatal.
A nova política de preços da Petrobras, adotada em maio de 2023, deixou de seguir a paridade internacional de preços (PPI), o que implicou uma demora na atualização dos preços da gasolina, refletindo nos baixos repasses e comprometendo os resultados financeiros.
Como a produção impacta nos resultados da Petrobras?
No início de julho, a Petrobras anunciou um reajuste no preço da gasolina, elevando o litro em R$ 0,20 para as distribuidoras e R$ 0,15 para o consumidor final. Esse aumento tardio foi detalhado pelo analista Ruy Hungria, da Empiricus Research, como uma medida que deve pesar sobre os resultados do segundo trimestre.
Além das questões de preço, a produção de petróleo também influencia no desempenho. A Petrobras reportou uma produção de 2,156 milhões de barris por dia (bpd) no segundo trimestre de 2024, representando uma queda de 3,6% em relação ao trimestre anterior. Embora tenha havido um aumento de 2,6% em relação ao mesmo período de 2023, a produção menor contribui para resultados financeiros mais baixos.
A Petrobras vai pagar dividendos?
Sobre os dividendos, o cenário é incerto. Ruy Hungria estima que a Petrobras poderá pagar até US$ 3 bilhões (cerca de R$ 16,8 bilhões) em dividendos ordinários, o que representa um yield de mais de 10% em termos anualizados. Contudo, a expectativa está atrelada à geração de caixa vinculada ao Ebitda, que deve apresentar uma queda no período.
Analistas do Safra projetam um pagamento de dividendos que pode alcançar R$ 13,2 bilhões, equivalente a um rendimento potencial de 2,6% no trimestre. Já a XP Investimentos estima um pagamento de US$ 2,7 bilhões (aproximadamente R$ 15,1 bilhões) referente ao segundo trimestre.
Impacto dos investimentos em dividendos extraordinários
Os dividendos extraordinários, tema de recente controvérsia entre o governo e a Petrobras, permanecem uma questão nebulosa. Segundo Hungria, a liberação desses dividendos dependerá de vários fatores, incluindo os investimentos da Petrobras em áreas fora da exploração e produção. Até o momento, a estatal tem investido menos do que o previsto no plano quinquenal, sugerindo que pode sobrar capital para dividendos extraordinários.
A análise dos resultados financeiros do segundo trimestre de 2024 será crucial para entender a estratégia da Petrobras e suas implicações para os acionistas no contexto de um mercado marcado por altas de câmbio, ajustes tardios de preços e flutuações na produção de petróleo.
Quais são as expectativas dos analistas para o futuro da Petrobras?
De acordo com analistas da XP Investimentos, Regis Cardoso e Helena Kelm, a expectativa é de um trimestre mais fraco sequencialmente para a Petrobras devido às paradas para manutenção e preços dos derivados marginalmente mais baixos em dólar, pelo impacto da depreciação do real. Esse cenário pode compensar parcialmente o aumento do Brent, trazendo um retrato mais complexo dos resultados da estatal.
Já para o Citi, mesmo com os preços do petróleo mais altos durante o segundo trimestre, espera-se que a Petrobras registre um Ebitda ajustado trimestralmente menor. Isso deve-se à redução na produção e possíveis despesas mais elevadas, contribuindo para a estabilidade do preço do combustível na refinaria.