Julho foi um mês de leve alta do dólar frente ao real. Até a reta final deste mês, a divisa norte-americana valorizava-se cerca de 0,8% frente à brasileira, apesar de ter perdido força mundialmente. Especialistas enxergam, no entanto, que agosto pode contar com uma folga para o câmbio local.
A desvalorização das commodities, o desmonte de posições de carry trade e o risco fiscal local são fatores que influenciaram na perda de força do real. Já no exterior, o dólar tem se enfraquecido devido ao recuo dos treasuries yields e a dados macroeconômicos mais fracos dos Estados Unidos.
O que Esperar da Relação Dólar-Real em Agosto?
A expectativa é de que a tendência de queda no dólar frente às moedas de países desenvolvidos continue em agosto. O Federal Reserve (Fed) deve sinalizar um corte de taxas em setembro, o que pode enfraquecer ainda mais a moeda americana.
Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Corretora, acredita que a perspectiva de queda dos juros nos EUA deve se fortalecer. “Se o Fed sinalizar na reunião de amanhã que o corte de setembro está se tornando mais provável, vemos um enfraquecimento do dólar”, comenta Costa, prevendo o câmbio entre R$ 5,50 e R$ 5,40 ao longo de agosto.
Por Que o Dólar Cai Frente a Moedas Fortes e Não Emergentess?
Diversas variáveis estão em jogo. No exterior, o desmonte de posições de carry trade e o enfraquecimento das commodities são fatores principais. O iene, por exemplo, tem ganhado força contra a divisa norte-americana devido a suspeitas de intervenção cambial e à especulação de que o Banco do Japão (BoJ) elevará os juros.
Já no caso das commodities, as desacelerações das economias dos EUA e da China, principais consumidores, ajudam a explicar a queda de preços. Quando esses países compram menos, o fluxo de dinheiro para os países emergentes, principais produtores, diminui, impactando as balanças comerciais.
Como o Risco Fiscal Brasileiro Influencia no Câmbio?
O risco fiscal no Brasil tem sido um fator de destaque. Em julho, falas mais brandas do executivo do Governo Federal ajudaram a acalmar os mercados. Houve anúncios de corte de gastos e contingenciamento, promovendo uma reforma fiscal vista com bons olhos pelos investidores estrangeiros.
No entanto, críticas constantes ao Banco Central brasileiro pelo presidente geram desconforto no mercado. Estas falas podem criar temores de um possível retrocesso econômico, desvalorizando o real. Com um déficit maior e cortes de despesas considerados insuficientes, o real acaba perdendo valor frente ao dólar.
Com todos esses elementos no cenário, agosto promete ser um mês de grandes oscilações para o câmbio brasileiro. Investidores e especialistas continuarão atentos às decisões do Federal Reserve e às políticas fiscais do governo brasileiro para traçar estratégias financeiras mais eficazes.
Principais Fatores a Serem Observados
- Tendências de queda nos juros dos EUA
- Desempenho das commodities no mercado global
- Desmonte de posições de carry trade
- Riscos fiscais e reformas no Brasil
Agosto será, sem dúvida, um mês interessante para acompanhar a relação dólar-real e observar como essas variáveis se desenrolam no cenário global e local.