No mundo dinâmico das finanças digitais, a recente desaceleração do Bitcoin tem deixado investidores e analistas de mercado em alerta. Nesta sexta-feira, o valor da principal criptomoeda registrou uma queda expressiva, marcando o quarto dia de decrescimento consecutivo. Com uma desvalorização de 5,5% apenas nesta manhã, o Bitcoin alcançou seu menor nível desde fevereiro deste ano.
Essa queda não se limita ao Bitcoin. As altcoins, como são conhecidas as outras criptomoedas além do Bitcoin, também apresentaram desempenho negativo. Diante deste cenário, especialistas estão focados nas causas e nas possíveis projeções para o futuro das criptomoedas.
Por que o Bitcoin está em declínio?
O ambiente de pressão vem de diversas frentes. Governos, mineradores e até mesmo a repercussão da falência da exchange Mt.Gox têm contribuído para esse panorama. Ana de Mattos, analista técnica e parceira da Ripio, aponta que, com base na análise gráfica, essa tendência de baixa pode persistir até que o Bitcoin alcance as faixas de preço entre US$ 54.829 e US$ 51.290, níveis estes que oferecem grande liquidez e podem atuar como pontos de suporte.
Nas últimas 24 horas, aproximadamente US$ 645 milhões foram liquidados no mercado de derivativos, de acordo com dados da Coinglass. Essa desvalorização faz parte de uma tendência maior que drenou cerca de US$ 800 milhões de posições long (que apostavam na valorização do Bitcoin) nos últimos três dias, uma das mais significativas desde abril.
Além disso, o mercado cripto sofreu uma liquidação total de mais de US$ 1,2 bilhão nesse período, com Bitcoin e Ethereum sendo os mais afetados. O Bitcoin, por exemplo, caiu abaixo de US$ 21.000, resultando em mais de US$ 611,8 milhões em liquidações, enquanto o Ethereum enfrentou liquidações de aproximadamente US$ 465,27 milhões
Como a falência da Mt.Gox ainda afeta o mercado?
A falência da Mt.Gox, uma das primeiras e mais significantes corretoras de Bitcoin, continua a reverberar no ecossistema de criptomoedas. Administradores do patrimônio da exchange estão liberando gradativamente cerca de US$ 8 bilhões em Bitcoin, gerando incerteza no mercado sobre quanto dessa quantia será efetivamente vendida. Além disso, outras ações como a transferência de US$ 2,7 bilhões por uma carteira associada à Mt.Gox, sugerem movimentações que impactam diretamente na estabilidade do preço do Bitcoin.
Impactos da atividade de mineração e perspectivas macro
Os mineradores de Bitcoin também enfrentam sua parcela de dificuldades. Com a lucratividade em queda após o último evento de halving, que reduziu pela metade a emissão de novos bitcoins, há uma crescente pressão para a venda de seus ativos. “A zona de US$ 51 mil a US$ 52 mil é crítica, pois muitos mineradores estão justamente no ponto de equilíbrio, tornando cada vez mais difícil a manutenção de operações lucrativas”, explica Le Shi, chefe de trading da Auros.
Além disso, o panorama macroeconômico também joga seu papel. Stefan von Haenisch, da OSL SG Pte, observou que medidas como cortes nas taxas de juros e a expansão do balanço do Fed podem ser cruciais para a recuperação do mercado cripto. A proximidade de novos dados sobre o emprego nos EUA também é vista como um indicador chave que pode influenciar decisões futuras sobre política monetária.
Em meio a todos esses desenvolvimentos, investidores e entusiastas do mercado cripto estão de olho em cada movimento, esperando encontrar sinais que possam indicar um retorno à estabilidade ou um prolongamento deste período de incertezas.