A MRV (MRVE3) divulgou sua prévia operacional do segundo trimestre de 2024, apresentando resultados mistos que agradaram analistas em alguns aspectos, mas revelaram desafios contínuos em outros. No acumulado do ano, as ações da MRV registram uma queda de 33%, refletindo dificuldades operacionais e um cenário macroeconômico adverso devido à alta exposição da empresa aos juros.
Crescimento em vendas e lançamentos
Apesar das dificuldades, a MRV obteve resultados positivos em vendas e lançamentos. A empresa lançou R$ 2,2 bilhões no trimestre, um aumento de 74% em relação ao ano anterior e 40% em comparação ao trimestre anterior, estabelecendo um novo recorde. Além disso, as vendas totalizaram R$ 2,5 bilhões, representando um crescimento de 14% no ano. O ticket médio de vendas também aumentou, alcançando R$ 245 mil (10% de crescimento anual e 2% trimestral), enquanto o ticket médio da Sensia foi de R$ 597 mil (1% maior em base anual e 3% trimestral).
Em junho, a MRV vendeu mais de R$ 1 bilhão, e o VSO (Vendas Sobre Oferta) para MRV Desenvolvimento atingiu 33,8%, um aumento de 4,9 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Segundo o banco Safra, todos esses números foram impressionantes, especialmente a velocidade das vendas, que alcançou 20,6%, superando as estimativas em 1,6 ponto percentual. As vendas líquidas também excederam as expectativas em 8%.
O Bradesco BBI destacou a margem bruta das novas vendas, que foi de 34%, e notou tendências positivas com a redução dos recebíveis para 12,6% (uma redução de 7 pontos percentuais em relação ao ano anterior).
Desafios na gestão de caixa
Por outro lado, a MRV continua a enfrentar desafios significativos na gestão de seu fluxo de caixa. Durante o trimestre, a MRV Brasil, incluindo MRV Desenvolvimento e as subsidiárias Luggo e Urba, consumiu R$ 10 milhões em caixa, com a Urba sozinha queimando R$ 21 milhões. Nos Estados Unidos, a Resia registrou um consumo de caixa de R$ 370 milhões, resultando em um consumo total de R$ 380 milhões durante o trimestre e R$ 613 milhões no primeiro semestre.
Segundo o Safra, esses números de fluxo de caixa são preocupantes e retardam a recuperação esperada da empresa. O Bradesco, no entanto, observou algumas tendências positivas na geração de caixa no Brasil, embora ressalte que melhorias significativas ainda são necessárias nos próximos trimestres. A Resia continua enfrentando um cenário desafiador, com alto consumo de caixa e nenhuma venda durante o trimestre devido às difíceis condições do mercado americano.
Recomendações e potencial de valorização
Apesar dos desafios, analistas veem potencial de valorização nas ações da MRV. O BTG Pactual destacou dados adicionais que sugerem uma recuperação nas operações da empresa, como margens de novos lançamentos atingindo 34% no segundo trimestre e a redução de recebíveis não garantidos para 12,6%. Além disso, a Resia possui dois projetos com ocupação acima de 80%.
O BTG recomenda a compra das ações da MRV, com um preço-alvo de R$ 17, implicando um potencial de alta de 133% em relação ao último fechamento. O Itaú BBA também vê uma assimetria positiva nas avaliações atuais, embora identifique gatilhos de curto prazo limitados para as ações. Já o Goldman Sachs acredita que a chave para liberar valor nas ações da MRV é um processo de desalavancagem sustentável e mantém uma recomendação neutra.