Warren Buffett, o renomado investidor conhecido como o Oráculo de Omaha, parece estar reavaliando suas estratégias de investimento. Após vender ações do Bank of America (BofA) por 12 dias consecutivos, Buffett também desembarcou uma quantidade considerável de ações da Apple (AAPL).
A Berkshire Hathaway, conglomerado liderado por Buffett, se desfez de cerca de 390 milhões de ações da Apple no segundo trimestre de 2024. Esse movimento representa uma redução de 49% na participação que a holding possuía na fabricante dos iPhones. A ação segue uma venda anterior de 115 milhões de ações no primeiro trimestre, mesmo com uma alta de 23% nos papéis da gigante de tecnologia.
Por que Warren Buffett está vendendo ações da Apple?
A venda maciça de ações da Apple pela Berkshire Hathaway não foi totalmente inesperada. Durante a reunião anual da empresa em maio de 2024, Buffett mencionou que vender “um pouco da Apple” beneficiaria os acionistas da Berkshire a longo prazo. Ele também apontou para um possível aumento do imposto sobre ganhos de capital nos Estados Unidos como um fator na estratégia de venda.
Mesmo após essas vendas, a Apple ainda é a maior participação acionária no portfólio da Berkshire. Restam 400 milhões de ações da Apple, avaliadas em US$ 84,2 bilhões. Buffett tem sido um investidor fiel na Apple desde 2016, referindo-se à empresa como o “segundo negócio mais importante” após suas seguradoras.
O que está por trás das recentes vendas de Buffett?
A Apple e o Bank of America não foram as únicas empresas a verem suas ações reduzidas na carteira de Warren Buffett. A Berkshire Hathaway tem vendido mais ações do que comprado por sete trimestres consecutivos. No segundo trimestre de 2024, a holding recomprou apenas US$ 345 milhões em suas próprias ações, comparado aos US$ 2,57 bilhões no trimestre anterior.
Ainda não está claro o motivo exato para essas vendas. Pode ser devido a avaliações de mercado, preocupações com a gestão do portfólio, ou uma abordagem mais cautelosa em relação à economia dos Estados Unidos e aos preços elevados das ações. Cathy Seifert, analista da CFRA Research, observa que a Berkshire está “ficando na defensiva”.
Qual o impacto das vendas no mercado?
As recentes vendas de ações de grandes companhias por Buffett têm gerado bastante atenção no mercado financeiro. Por outro lado, essas mudanças no portfólio da Berkshire Hathaway resultaram em um novo recorde de caixa para a holding. No segundo trimestre, o caixa da empresa cresceu para US$ 276,9 bilhões, comparado aos US$ 189 bilhões no trimestre anterior.
A Berkshire Hathaway vendeu um valor líquido de US$ 75,5 bilhões em ações, enquanto os lucros das dezenas de empresas do conglomerado aumentaram 15%, atingindo US$ 11,6 bilhões, ou cerca de US$ 8.073 por ação Classe A. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelos negócios de seguros da Berkshire, como a Geico, cujos lucros mais que triplicaram devido ao aumento dos prêmios e à diminuição dos sinistros.
O que o futuro reserva para a Berkshire Hathaway?
Com uma postura aparentemente mais conservadora, a Berkshire Hathaway continua a se adaptar às condições de mercado e às expectativas econômicas. A receita total da Berkshire no segundo trimestre foi de US$ 93,65 bilhões, um aumento modesto de 1%. Alguns de seus principais negócios, como a ferrovia BNSF e a Berkshire Hathaway Energy, permaneceram relativamente inalterados em termos de receita.
Com as contínuas avaliações e ajustes no portfólio, Buffett parece estar preparando a Berkshire para o futuro, focando em manter uma forte posição de caixa e potencialmente buscando novas oportunidades de investimento em um cenário econômico incerto.