Recentemente, a esfera empresarial brasileira tem se concentrado em uma importante negociação entre grandes mineradoras e órgãos governamentais. No centro das discussões estão a Vale (VALE3) e a BHP, que juntamente com a Samarco, enfrentam um momento decisivo relacionado ao rompimento da barragem de Torto, em Mariana. Este incidente trouxe à tona várias questões relacionadas à responsabilidade ambiental e compensações financeiras significativas.
No dia 6 de abril de 2024, a Advocacia-Geral da União (AGU), junto aos governos de Minas Gerais e do Espírito Santo, apresentaram uma nova proposta de acordo, que altera substancialmente os valores e prazos previamente discutidos com as empresas. Essa mudança tem gerado discussões intensas no mercado financeiro e entre os analistas de investimentos, influenciando diretamente as atividades de negociação das ações da Vale.
Qual é a novidade da proposta da AGU?
Em termos de detalhes financeiros, a contraproposta menciona um aumento no valor total a ser pago pelas empresas para R$ 164 bilhões, integrando R$ 109 bilhões adicionais e R$ 55 bilhões previamente acordados. Os prazos para esses pagamentos também foram revisados, propondo uma redução de 14 para 12 anos, em vez dos 20 anos originalmente sugeridos pelas mineradoras.
Riscos e implicações para a Vale e a BHP
Conforme análise de especialistas da Genial Investimentos, a resposta da AGU não foi vista como conciliadora. O valor proposto supera inesperadamente as projeções iniciais de R$ 127 bilhões acordadas em abril, concentrando-se em R$ 164 bilhões. Esse incremento, segundo os analistas, reflete um não reconhecimento dos montantes já pagos pelas empresas, o que pode indicar um prolongamento nas negociações.
Entre os analistas do mercado, como Igor Guedes, Lucas Bonventi e Rafael Chamadoira, prevalece a expectativa de que a Vale e a BHP não aceitarão facilmente as novas condições. Eles sugerem que as companhias buscarão um compromisso por um valor menor, prorrogando as discussões e mantendo o ambiente de incerteza.
Quais são as previsões para o mercado e investidores?
A incerteza gerada pela falta de acordo iminente afasta muitos investidores, segundo especialistas da área. No entanto, o Bradesco BBI, através de Rafael Barcelles, e a Ágora Investimentos, com Renato Chanes, apontam que a resolução dessa pendência poderia significar uma redução de risco substancial para a Vale. Isso, por sua vez, poderia realinhar as expectativas de mercado e refletir positivamente no valor das ações.
Por fim, a recomendação de compra para as ações VALE3 ainda se mantém pela Genial Investimentos. Eles acreditam que, apesar das incertezas, as possíveis revisões para baixo nos valores exigidos pela contraproposta podem ampliar o diferencial para as projeções de Valor Presente Líquido (VPL) da empresa, o que seria favorável para os acionistas a longo prazo. Com a situação ainda desafiadora, apenas o tempo dirá como estas negociações influenciarão definitivamente o mercado de ações brasileiro.