Recentemente, houve uma significativa mudança no comportamento das gestoras de fundos em relação ao mercado de ações brasileiro. Impulsionados por uma combinação de fatores negativos, incluindo desconfianças quanto à política fiscal do Brasil e o aumento dos juros futuros globais, gestores têm alterado suas estratégias, buscando posições mais cautelosas.
Quais fatores estão influenciando as mudanças nas carteiras de investimentos?
Segundo um relatório da XP, houve uma queda no otimismo em relação às ações brasileiras. Em maio de 2024, apenas 71% dos gestores mantinham posições que se beneficiavam da alta da Bolsa Brasil, uma redução frente aos 85% observados em março. Além disso, cresceu o percentual de gestores com alocações vendidas em ações locais, o maior desde novembro de 2023.
Como as principais gestoras estão reagindo a este cenário?
A Verde Asset Management, por exemplo, reduziu a participação de ações locais no fundo Verde de 15% para 10%, mantendo estável a exposição em renda variável global. Luis Stuhlberger, CEO da empresa, expressou frustração com o cenário atual e criticou as recentes alterações nas metas de superávit primário do governo, classificando-as como irreais.
Simultaneamente, a Kinea Investimentos também ajustou sua carteira, reduzindo a exposição ao mercado de ações brasileiro, agora uma das menores já registradas pela gestora. Marcus Zanetti, cogestor na Kinea, destacou a preferência por uma abordagem mais segura no mercado global, apesar de ainda ver potencial em alguns ativos locais, como as ações do Itaú e do Banco do Brasil.
Quais são as recomendações para os investidores?
Com as mudanças no cenário, a XP ajustou sua visão tática para a renda variável brasileira de positiva para neutra. A recomendação atual é que investidores moderados aloquem 5% em renda variável local, enquanto os mais sofisticados podem ir até 15%. Essas recomendações refletem uma perspectiva mais cautelosa em comparação ao mês anterior.
Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP, mantém a previsão de que o Ibovespa feche o ano em 149 mil pontos. Contudo, ele não descarta uma revisão desta estimativa caso as taxas de juros de longo prazo no Brasil permaneçam elevadas ou aumentem ainda mais. Ainda assim, ele observa que, baseados em fundamentos, muitas empresas mostram sinais de melhora após trimestres desafiadores, representando uma oportunidade de investimento a preços atrativos.
Este ajuste nas estratégias de investimento reflete a crescente cautela diante das incertezas macroeconômicas e políticas, sinalizando um período de potencial volatilidade e reavaliação de riscos no mercado de ações brasileiro.