Em meio a uma crescente pressão da oposição, que alega fraudes nas eleições de 28 de julho, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou nesta semana importantes mudanças em seu Gabinete. Entre as modificações, destacam-se novas nomeações em cargos estratégicos, fortalecendo figuras influentes do chavismo.
As alterações foram divulgadas poucos dias após o Tribunal Superior de Justiça (STJ) confirmar o resultado das eleições presidenciais, conforme anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), sem apresentar as atas eleitorais, o que intensificou a desconfiança sobre a legitimidade do processo.
Reestruturação no governo de Nicolás Maduro
Entre as mudanças no Gabinete, destaca-se a nomeação de Delcy Rodríguez, a atual vice-presidente, que também assumirá o Ministério do Petróleo.
Além disso, Diosdado Cabello, um dos principais aliados de Maduro e figura de destaque no chavismo, foi designado como novo ministro do Interior e Justiça. Com essas nomeações, Maduro reforça seu círculo de confiança, procurando consolidar o apoio interno.
O Ministério do Interior é responsável por várias instituições de segurança, como a Polícia Nacional Bolivariana (PNB) e o Serviço Administrativo de Identificação, Migração e Estrangeiros (SAIME). A escolha de Cabello para este cargo sugere um endurecimento das políticas de segurança frente aos protestos e manifestações da oposição.
Por que Maduro promoveu estas mudanças?
Além da nomeação de Rodríguez e Cabello, outras mudanças significativas incluem Anabel Pereira Fernández no Ministério das Finanças e Comércio.
Pedro Tellechea, que era ministro do Petróleo e presidente da Petróleos de Venezuela S.A. (PdVSA), passará a liderar o Ministério da Indústria e Produção, com Héctor Obregón assumindo a presidência da PdVSA.
Estas modificações refletem uma estratégia de Maduro para manter o controle sobre setores-chave do governo e assegurar a lealdade de seus principais aliados em um momento de instabilidade política.
Reações da comunidade internacional e escalada da oposição
A reação internacional não tardou. A Human Rights Watch (HRW) emitiu uma carta criticando a posição adotada pelos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, Andrés Manuel López Obrador, em relação à crise política venezuelana.
Para a HRW, medidas como a realização de novas eleições e a dependência do Supremo Tribunal da Venezuela para resolver o impasse são preocupantes.
A ONG também vê com ressalvas a proposta de uma “anistia geral” para líderes chavistas, considerando-a uma manobra para perpetuar o poder do atual regime e dificultar a implementação de uma verdadeira democracia no país.
Essas mudanças e a crescente resistência oposicionista colocam o governo de Nicolás Maduro em uma situação delicada, com desafios internos e externos que podem moldar o futuro político da Venezuela.