O Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho (PT), fez declarações incisivas nesta segunda-feira (26) sobre as estratégias do Banco Central para o controle da inflação. Durante um evento no Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), realizado no Rio de Janeiro (RJ), Marinho argumentou que a alta da taxa de juros e a restrição ao crédito não são as únicas formas de combater o aumento de preços.
Marinho destacou que a ampliação da produção pode ser uma alternativa eficaz para lidar com o problema inflacionário. Segundo o ministro, o país possui capacidade produtiva não totalmente utilizada, o que abre espaço para uma abordagem diferente na luta contra a inflação.
Inflação e Produção: O Caminho Alternativo de Luiz Marinho
Para Marinho, é fundamental que o Banco Central perceba que há outras maneiras de controlar a inflação além da política de juros elevados e crédito restrito. O ministro lembrou dos tempos dos governos Lula 1 e 2, quando a inflação foi controlada através da expansão da produção e aumento da capacidade de compra dos trabalhadores.
“O Banco Central precisa aprender que combater inflação não tem só um jeito, que é o jeito de restrição de crédito e de aumento de juros. Controla-se a inflação também com oferta, com mais produção, mais capacidade aquisitiva da classe trabalhadora do país”, frisou Marinho.
Como a Ampliação da Produção Pode Combater a Inflação?
Marinho explicou que o setor produtivo brasileiro ainda não atingiu sua capacidade total e que há espaço para crescimento. Ele sugere que o pleno uso da capacidade instalada e novos investimentos podem ser o caminho para combater a inflação sem a necessidade de recorrer a altas taxas de juros ou restrição ao crédito.
“Há espaço para crescimento da produção. E, se houver ocupação de 100%, que [o setor produtivo] planeje novos investimentos. É isso que pode combater a inflação sem ter que recorrer a aumento de juros ou restrição de crédito”, afirmou.
Luiz Marinho Traz Boas Notícias Sobre Emprego
O ministro também trouxe boas notícias relativas ao mercado de trabalho. Ele antecipou que os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de julho, que serão divulgados nesta semana, mostrarão resultados promissores.
Luiz Marinho ressaltou que nos primeiros sete meses deste ano, o número de empregos gerados já supera os 12 meses do ano anterior. “O emprego gerado na indústria nos sete primeiros meses é maior do que os empregos da indústria no ano inteiro do ano passado,” comemorou o ministro.
O Impacto das Enchentes no Rio Grande do Sul
Referindo-se ao Rio Grande do Sul, o ministro mencionou que, apesar das enchentes que afetaram o estado no primeiro semestre, houve uma recuperação na geração de empregos em julho. “Em julho houve uma retomada depois de dados negativos em maio e junho, que haviam sido resultado das enchentes,” concluiu.
Desafios do Compromisso Fiscal
Marinho também abordou a questão do déficit fiscal zero, lamentando a falta de orçamento para executar algumas atividades ministeriais. “Eu achava que nós tínhamos que ter feito um compromisso fiscal zero, sim, mas não em 12 meses. Achava que deveríamos ter um compromisso fiscal zero para 10 anos, 8 anos,” afirmou Marinho.
No entanto, ele enfatizou que, apesar dos desafios, a pasta está cumprindo o déficit fiscal zero conforme o contrato realizado. “Só que vai faltar orçamento para muitas áreas,” alertou o ministro.